By Yavor Tarinski
Milhares de pessoas reuniram-se em Atenas na segunda-feira passada (04/05), para protestar contra o novo projeto de lei anti-ambiental, que o partido governante de direita Nova Democracia fez tudo o que estava ao seu alcance para preparar e passar durante a pandemia, com a esperança de evitar turbulências sociais. O protesto ocorreu no primeiro dia da queda das medidas de confinamento na Grécia.
O projeto de lei, intitulado “Legislação Ambiental Modernizada”, visa facilitar a emissão de permissões aos investidores privados, permitindo-lhes desenvolver projetos em áreas protegidas e também em áreas onde as comunidades locais resistem à destruição de seu meio ambiente pelo capital. Desta forma, o controle público dos desenvolvimentos propostos é ainda mais reduzido por estes novos procedimentos “acelerados”.
Pessoas de mais de uma centena de organizações e movimentos ambientais começaram a se reunir a partir das 17h00 e a maioria dos e das manifestantes permaneceu até as 21h00. Os e as manifestantes fizeram o seu melhor para manter as medidas básicas de prevenção exigidas pelas condições da pandemia: tanto quanto isso é possível dentro de uma multidão tão grande. No entanto, os principais meios de comunicação gregos, que apoiam fortemente o atual governo do país, apresentaram a imagem exatamente oposta: a de pessoas que se reúnem irresponsavelmente sem distanciamento físico e máscaras. Além disso, os meios de comunicação repetidamente tentaram incitar as pessoas a não apoiar os manifestantes, mentindo abertamente dizendo que o encontro tinha sido organizado pelo SYRIZA. Nada, no entanto, poderia estar mais longe da verdade.
No encontro, houve uma marcante presença influenciada pela “ecologia social”, o que provocou uma assembleia aberta de cidadãos onde as pessoas discutiram o projeto de lei catastrófico e as táticas que poderiam ser desenvolvidas pelos movimentos para se opor a ela. Entre as decisões tomadas uma foi a criação de um acampamento de protesto em frente ao Parlamento grego.
Durante altas horas da noite, o acampamento foi desproporcionalmente cercado por forças policiais de intervenção e em motos e os manifestantes foram levados para a delegacia de polícia onde os seus dados pessoais foram registrados. Isto, no entanto, não os e as impediu (à medida que continuam, até agora) de passarem as suas noites na frente do Parlamento.
Apesar da enorme manifestação de segunda-feira, o acampamento noturno contínuo, e uma campanha assinada por mais de 130 organizações ambientais, o novo projeto de lei foi aprovado no dia 5 de maio pelo Parlamento grego. Isto, no entanto, não significa que tudo esteja perdido. Um número cada vez maior de movimentos ambientais gregos perceberam que a proteção da natureza está intimamente ligada à libertação social. Assim, slogans para a participação popular direta são uma ocorrência regular em manifestações ecológicas. As redes estão sendo formadas através de iniciativas e comitês locais, que se coordenam de forma horizontal para resistir à exploração ambiental levada a cabo pelo complexo Capital-Estado-Nação. Uma quantidade cada vez maior de pessoas e movimentos estão convencidos de que a escolha do nosso tempo é, como colocado por Janet Biehl, Ecologia ou Catástrofe.
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